Quem não tem algo escrito, que nem às paredes mostrou, rs!
Tenho muita coisa! Umas que gosto, outras que amo, outras que acho medíocres, mas minhas!
Selecionei algumas coisinhas prá deixar nesse blog! Coisas antigas, recente não tenho nada.
Prá quem for ler, espero que alguma delas agrade!
BANDEIRA BRANCA
Mais amor nos corações
Menos guerras entre as nações...
Tantos jovens mutilados,
Loucos, alucinados...
Tantos velhos alienados,
Vís, culpados...
Democracia, comunismo
Mais amor nos corações
Menos guerras entre as nações!
Bandeira branca
Armas depostas
Menos conflitos
Mais entendimentos
Mais amor nos corações
Menos guerras entre as nações. Monica – 14/08/81 – Mongaguá
ALCOVA
Meu mundo, minha alcova
Onde posso me refugiar
Onde posso me fechar
Onde posso chorar.
Meu mundo, minha alcova
Com as cores do meu pesar
Com os segredos do meu viver
Com as lágrimas do meu amar
Meu mundo, minha alcova
Meu refúgio de paz! Monica – 83 – Mongaguá
ETERNA SAUDADE
Tantas alegrias contidas em poucos momentos – Tristezas!
Tantos gritos reprimidos na garganta – Desespero!
Uma sedução indireta – Vontade
Uma decepção por você causada – Mágoa!
Monica – julho/82 – Mongaguá
CONTRADIÇÃO
Quando vocês nos desejam,
Somos obsessão!
Quando nós os desejamos,
Somos obcecadas.
Quando vocês buscam o prazer,
Somos sufocadas,
Quando nós queremos esse mesmo prazer,
Somos sufocantes...
É uma contradição,
Injustiça,
O homem é bicho-pavão
É machão, puro orgulhoso.
É machista,
E diz que é porque tem de manter a tradição
Monica/83/Mongaguá
DOCE MENINA
Ah! Doce menina
Menina que sonha com tanta coisa impossível
Que em sonho vive num mundo pacífico
Que vê flores onde há mísseis
Que respira ar puro onde só há poluição
Ah doce menina!
Menina que não vive essa realidade dura e fria
Que em sonho vive num mundo de azuis e verdes
Que embala animais no colo ao entardecer
Que ouve o cantar de pássaros ao amanhecer
Que não percebe o zunir das balas
Nem os baques secos de corpos ao chão
Ah! Doce menina
Menina tão inocente
Que não tem fome, pois o mundo é só "sementes"
Que não percebe que são "sementes do caos"
Dos urânios, radiações, guerras e algo mais
Que se alimenta das "sementes"com toda ingenuidade
Que só irá perceber seu erro
Depois que já for tarde...
Monica – 26/03/82 – Mongaguá
HOMEM X NATUREZA
Ecologia x Tecnologia
Homem animal, muito irracional
Depreda o verde, exalta o cinza
Embala em sonhos cifras incalculáveis
Joga nas calçadas: fuligem, papeladas
Olha com olhos de calculista, cientista
Tranca o coração como alquimista
Amazônia será em breve lenda.
"Verde que te quero verde"
Mero pensamento roto
Parece que te fizeram esgoto
Deste mundo escroto! Monica – 81 – Mongaguá
COMUNHÃO E A GAIVOTA
Quando em você eu penso, devaneio...
Busco lugares onde eu possa ficar em comunhão.
Comunhão com a natureza, com o que é belo
Belo e puro como você, simples como o seu jeito.
Busco a praia, sua imensidão
Me sento na areia, mentalizo seu coração!
No vaivém das ondas, que suspiros de mim arrancam
Exalto o amor, o bem querer
Olho o vasto oceano, faço comparações
Comparo o meu amor ao seu amor por mim
Vejo a gaivota planando em busca do alimento
Me sinto como ela...livre e segura no vôo!
Ela se vai, perde-se no horizonte sem fim
Imagino nossos corpos num abraço infinito
Me sinto como a gaivota
Livre, pois posso amar você
Segura, pois tenho você
Ela se vai, perde-se no horizonte sem fim
Imagino nosso amor numa comunhão sem fim...
Monica – 26/09/80 – Mongaguá
MINHA CRUZ II
Tanto amei
Me entreguei
E passei a ser infeliz
Eu busquei
Uma luz
Me ceguei
Ah! É minha cruz...
Tanto sei
Que sofri
Que amei
E não vivi. Monica – 80 – Mongaguá
HOMENAGEM À POESIA
Com meus olhos vejo a poesia
Com meu coração a sinto
Maneira de expressar o que sinto
Maneira de estar bem comigo.
Poesia! Nome que por si só já tem encantos
Poesia! Musa das minhas horas vazias.
Monica – 20/11/80 – Mongaguá
LUZ DE VELA
Luz de vela
Mística
A bruxulear
Num candelabro
Chama suspensa no ar
Luz de vela
Mandala simplificada
Que hipnotiza ao ser olhada
Luz de Vela
Fascínio que se impõe
Objeto que predispõe
A várias indagações
Luz de vela
Bonita e enigmática
Apenas e simplesmente
Luz de vela.
Monica – 26/03/83 – Mongaguá
DESCANSO
PARTIDA
Pela
Escada
Da vida
Vou
Subindo
A minha razão
Consumindo
Fico (ESTÁTICA)
Continuo
As cadeias do sistema
Vão fechando
Estou (PENSANDO)
Não adianta lutar
Contra os elos
Das cadeias
Dos sistemas!!!
Continuo
E só me resta
Ir afundando
Afundand
Afundan
Afunda
Afund
Afun
Afu
Af
A ...... Monica – 81 – Mongaguá
ARA
Lavra a palavra
ARA
Fere o machado a fera
Que geme se contorcendo pela terra
Goza a flor o gôzo da fecundidade
Semeia – Brota
Germina – Nasce
Tece a teia a aranha-negra
Sua viuvez incendeia
E o macho que se aproxima
Machuca-se com a morte
Pia o pássaro
A cobra o remedeia
Sapo coaxa na beira da lagoa
Brejeiro brejo
Paraíso dos insetívoros
A noite é escura
A coruja tudo vê
Solta seu gemido agourento
Brotam fantasmas pelo pensamento.
Monica – 19/11/85 – Piracicaba
É COMPLICADO
Já nem sei se sou
O que queria ser...
Já nem sei se sei
O que é ser!
Perdi a noção do espaço-tempo...
Perdi meu tempo
Tentando achar um espaço
Pensei, repensei
Pensei ter pensado...
Precisei parar de pensar!
Pensar é complicado...!
Monica – 18/07/83 – Piracicaba
Publicada no JP na coluna da Maria Cecília Bonachela em 21/08/83.
SEMEADURA
Tempo de semeadura:
Adubo a terra
Para mais um cio
Cio de amizade
Cio de fertilidade
Tempo de colheita:
Côlho o céu
Com minhas mãos
Estrelas florecem
A lua já deu cria...
Terra-terra
Terra-chão
Terra-mundo
Terá seu tempo preenchido
Verá surgir novos destinos
Monica – 83 – Piracicaba
Publicada no JP na coluna da Maria Cecília Machado Bonachela
Em 25/09/83 - Piracicaba
FANTASIA ESTELAR
Dentro de mim há a eterna certeza
De que tudo foi bom e sempre na lembrança estará!
Dentro de mim há a eterna canção
Que você cantou enquanto me amou
Dentro de mim há seu olhar sensual
Que me fitava em todos os segundos
Sem me perder de vista um só instante
Dentro de mim há você
Dentro de você o espaço vazio...
Antes era o oposto, que coisa
Antes eu dentro de você e você espaço vazio em mim!
Antes o seu amor por mim.
Hoje dentro de você, onde eu morava, há só capim
O jardim hoje é só em mim.
Monica - 09/09/84 – Piracicaba
FOGUEIRA
Tece o tecido
O tear teso
Tinge a anilina as fibras têxteis
Com matizes translúcidos
Monica – 85/86? – Piracicaba
ENSAIO ALQUÍMICO
Alquimistas – Hermetistas
Em porões – laboratórios, úmidos e sombrios
Solitariamente se encerram.
Fornos, foles, crisóis
Tantas substâncias misturadas
Condensadas, apuradas
Simbologia fechada
Distante de mentes despreparadas
Longo preparatório de fórmulas
"Pedra Filosofal"
Sonho(?) do metal transmutado em ouro
Quatro elementos fundamentais:
Ar, Água, Terra, Fogo
Mais o Mercúrio Filosofal
O Éter
O volátil e tudo mais usável!
Alquimista, artesão da matéria
Aquece, evapora, recalcina
De uma mistura de enxôfre, carvão e nitrato
Surge a pólvora num crisol alquímico
Alquimista!
Talvez bruxo, mas sereno, de inteligência dedicada
Emprega anos e anos nas manipulações
Que são lentas, progressivas e quase idênticas...
Mago das substâncias químicas,
Acende fogueiras para os trabalhos
Que duram tempos incertos!
Toma da água pesada
Usa só a luz polarizada
Segue com calma até o momento
Da Grande Obra surgir!
E no interior do crisol e de sua consciência
Se dão as mudanças.
Homem desperto
Suas percepções estão acordadas,
Energizadas,
Canalizadas.
E após a longa espera e a concretização
Da Grande Obra,
Resta ao Alquimista
Tomar das escórias
Lavá-las na água tridestilada
E obter
O Dissolvente Universal.
Monica – 05/03/86 – Piracicaba
ERÓTICA
A noite na cama
As pernas ficam irriquietas,
Sinto um calor emanando de minhas profundezas
Que não são infernais
Mas eróticas e sexuais
A libido está trabalhando
Sinto umidade nos lábios que não são os da boca
Mas que adoram ser tocados, beijados, sugados
Ah desejo erótico, talvez vulgar
Mas imprescindível, gostoso!
Arrepios sobem pelo corpo
Retornam a origem
Minhas coxas se comprimem, me sinto pulsar
Que vontade louca de me auto-copular
De ser dúbia, macho-fêmea,hermafrodita
De explodir num gozo solitário e demorado.
Já sinto minha flor se encharcar
E a toco com meus dedos
Que no começo são suaves
Depois ágeis
E por fim velozes e desembestados
Escorre meu suor
Explode meu prazer
Ah esse gemer e gozar sozinha
Nessa cama que parece infinita
Desfaleço no cansaço da satisfação
E quando volto a mim
Retomo a flor em minhas mãos
De novo a acaricio
Plena de prazer
Recarregada de sensações
E os dedos voltam espertos
Já sabem seus deveres
E continuo a me amar sozinha
Pelas madrugadas solitárias e frias
Em que não tenho companhia.
Monica – 21/02/86 – Piracicaba
SEM TÍTULO
Versejar prá
Reinar
Encantar
Rimar
Fazer algum sorriso brilhar
Alegrar
Disbundar
Conquistar corações que podem amar
Versejar prá
Iluminar a alma de quem está a poetar.
Monica – 02/06/87
TEU CORPO TATUADO
Teu corpo tatuado
Colorido
Variado
Coberto de sinais
Desenhos
Hai Kais
É uma sina
Será rebeldia?
Tentativa de choque social?
Teu corpo tatuado
Rabiscado, desenhado
Arrepiante delírio
Nojento fascínio
Total enigma ótico!
Polvos, lulas, caravelas
Mar de nuvens, flores e velas...
Velas de fumaça...hipnótica...lisérgica...alucinógena
Tudo é mistério em teu corpo
Teu corpo
Tatuado!
Monica – 86/87 – Piracicaba
POETA MARGINAL
Ser poeta marginal
E ser desconhecido, sofrido,
Arcar com a sina de ser anônimo.
Ser poeta marginal
Não ter nunca nenhum bom sinal
Ser obscuro, dispensável e etc e tal
Ser poeta marginal
Fazer versos que só ficam sendo conhecidos
Nos becos escuros das vielas dos amigos
Ah tristeza de versejar ao léu
Tantas rimas ou não rimas
Choros e alegrias
Verdades e fantasias
Poeta marginal
Um palhaço sem circo
Picadeiro de atrações sem platéias com as suas emoções
Ser poeta marginal
Fingir...ser só... e ainda crêr!
Ser poeta marginal
Construir frases loucas, roucas, também as de amor
Buscar nas águas do céu e mar, inspiração natural
Achar nos ventos e pássaros, temas para sonhar, devanear
Ah o versejar...a marginalidade e a obscuridade
Mas poeta marginal é isso
É não cansar
E sempre
Estar a sonhar
Monica – 20/08/86 - Piracicaba
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