quinta-feira, abril 19, 2007

POESIAS DE GAVETA

Quem não tem algo escrito, que nem às paredes mostrou, rs!
Tenho muita coisa! Umas que gosto, outras que amo, outras que acho medíocres, mas minhas!
Selecionei algumas coisinhas prá deixar nesse blog! Coisas antigas, recente não tenho nada.
Prá quem for ler, espero que alguma delas agrade!
BANDEIRA BRANCA
Mais amor nos corações Menos guerras entre as nações... Tantos jovens mutilados, Loucos, alucinados... Tantos velhos alienados, Vís, culpados... Democracia, comunismo Mais amor nos corações Menos guerras entre as nações! Bandeira branca Armas depostas Menos conflitos Mais entendimentos Mais amor nos corações Menos guerras entre as nações. Monica – 14/08/81 – Mongaguá ALCOVA
Meu mundo, minha alcova Onde posso me refugiar Onde posso me fechar Onde posso chorar. Meu mundo, minha alcova Com as cores do meu pesar Com os segredos do meu viver Com as lágrimas do meu amar Meu mundo, minha alcova Meu refúgio de paz! Monica – 83 – Mongaguá ETERNA SAUDADE
Tantas alegrias contidas em poucos momentos – Tristezas! Tantos gritos reprimidos na garganta – Desespero! Uma sedução indireta – Vontade Uma decepção por você causada – Mágoa!
Monica – julho/82 – Mongaguá CONTRADIÇÃO
Quando vocês nos desejam, Somos obsessão! Quando nós os desejamos, Somos obcecadas. Quando vocês buscam o prazer, Somos sufocadas, Quando nós queremos esse mesmo prazer, Somos sufocantes... É uma contradição, Injustiça, O homem é bicho-pavão É machão, puro orgulhoso. É machista, E diz que é porque tem de manter a tradição Monica/83/Mongaguá DOCE MENINA
Ah! Doce menina Menina que sonha com tanta coisa impossível Que em sonho vive num mundo pacífico Que vê flores onde há mísseis Que respira ar puro onde só há poluição Ah doce menina! Menina que não vive essa realidade dura e fria Que em sonho vive num mundo de azuis e verdes Que embala animais no colo ao entardecer Que ouve o cantar de pássaros ao amanhecer Que não percebe o zunir das balas Nem os baques secos de corpos ao chão Ah! Doce menina Menina tão inocente Que não tem fome, pois o mundo é só "sementes" Que não percebe que são "sementes do caos" Dos urânios, radiações, guerras e algo mais Que se alimenta das "sementes"com toda ingenuidade Que só irá perceber seu erro Depois que já for tarde... Monica – 26/03/82 – Mongaguá HOMEM X NATUREZA
Ecologia x Tecnologia Homem animal, muito irracional Depreda o verde, exalta o cinza Embala em sonhos cifras incalculáveis Joga nas calçadas: fuligem, papeladas Olha com olhos de calculista, cientista Tranca o coração como alquimista Amazônia será em breve lenda. "Verde que te quero verde" Mero pensamento roto Parece que te fizeram esgoto Deste mundo escroto! Monica – 81 – Mongaguá COMUNHÃO E A GAIVOTA
Quando em você eu penso, devaneio... Busco lugares onde eu possa ficar em comunhão. Comunhão com a natureza, com o que é belo Belo e puro como você, simples como o seu jeito. Busco a praia, sua imensidão Me sento na areia, mentalizo seu coração! No vaivém das ondas, que suspiros de mim arrancam Exalto o amor, o bem querer Olho o vasto oceano, faço comparações Comparo o meu amor ao seu amor por mim Vejo a gaivota planando em busca do alimento Me sinto como ela...livre e segura no vôo! Ela se vai, perde-se no horizonte sem fim Imagino nossos corpos num abraço infinito Me sinto como a gaivota Livre, pois posso amar você Segura, pois tenho você Ela se vai, perde-se no horizonte sem fim Imagino nosso amor numa comunhão sem fim...
Monica – 26/09/80 – Mongaguá MINHA CRUZ II
Tanto amei Me entreguei E passei a ser infeliz Eu busquei Uma luz Me ceguei Ah! É minha cruz... Tanto sei Que sofri Que amei E não vivi. Monica – 80 – Mongaguá HOMENAGEM À POESIA
Com meus olhos vejo a poesia Com meu coração a sinto Maneira de expressar o que sinto Maneira de estar bem comigo. Poesia! Nome que por si só já tem encantos Poesia! Musa das minhas horas vazias.
Monica – 20/11/80 – Mongaguá LUZ DE VELA
Luz de vela Mística A bruxulear Num candelabro Chama suspensa no ar Luz de vela Mandala simplificada Que hipnotiza ao ser olhada Luz de Vela Fascínio que se impõe Objeto que predispõe A várias indagações Luz de vela Bonita e enigmática Apenas e simplesmente Luz de vela.
Monica – 26/03/83 – Mongaguá DESCANSO
Ter coração alado Transpor as barreiras do amor Amar até secar a fonte Olhar o relógio na parede Fazer contas de quanto tempo passou Cerrar os olhos, se por a meditar Relembrar as lembranças que ficaram Marcadas num coração ardente Relembrar os momentos alegres, mas Também os tristes que feriram corações Lembrar do grande e único amor Beijar sua foto pela última vez Fechar as cortinas da memória Apagar a chama do coração Recostar na cadeira, pender a cabeça Deixar de pensar Descansar em paz Monica – 80 – Piracicaba SEGUE...CONTINUA
PARTIDA
Pela Escada Da vida Vou Subindo A minha razão Consumindo Fico (ESTÁTICA)
Continuo
As cadeias do sistema Vão fechando Estou (PENSANDO) Não adianta lutar Contra os elos Das cadeias Dos sistemas!!!
Continuo
E só me resta Ir afundando Afundand Afundan Afunda Afund Afun Afu Af A ...... Monica – 81 – Mongaguá ARA
Lavra a palavra ARA Fere o machado a fera Que geme se contorcendo pela terra Goza a flor o gôzo da fecundidade Semeia – Brota Germina – Nasce Tece a teia a aranha-negra Sua viuvez incendeia E o macho que se aproxima Machuca-se com a morte Pia o pássaro A cobra o remedeia Sapo coaxa na beira da lagoa Brejeiro brejo Paraíso dos insetívoros A noite é escura A coruja tudo vê Solta seu gemido agourento Brotam fantasmas pelo pensamento. Monica – 19/11/85 – Piracicaba É COMPLICADO
Já nem sei se sou O que queria ser... Já nem sei se sei O que é ser! Perdi a noção do espaço-tempo... Perdi meu tempo Tentando achar um espaço Pensei, repensei Pensei ter pensado... Precisei parar de pensar! Pensar é complicado...! Monica – 18/07/83 – Piracicaba
Publicada no JP na coluna da Maria Cecília Bonachela em 21/08/83. SEMEADURA
Tempo de semeadura: Adubo a terra Para mais um cio Cio de amizade Cio de fertilidade Tempo de colheita: Côlho o céu Com minhas mãos Estrelas florecem A lua já deu cria... Terra-terra Terra-chão Terra-mundo Terá seu tempo preenchido Verá surgir novos destinos Monica – 83 – Piracicaba
Publicada no JP na coluna da Maria Cecília Machado Bonachela Em 25/09/83 - Piracicaba FANTASIA ESTELAR
Soprei as estrelas do céu E todas elas se moveram como móbiles Cintilaram, pularam, Dançaram o balé estelar Grandes – estrelas – pequenas Estrelas nascendo, morrendo e parindo!!! Estrelas azuis, vermelhas, coloridas e de listrinhas Novas – Super Novas – Velhas – Decaídas... Estrelas vespertinas, matutinas, boêmias! Estrelas espertinhas, bonitinhas, assanhadas! Soprei de novo e...(click!)...? ...chiiiiii! Elas apagaram! Monica – 09/12/83 – Piracicaba SÓ CAPIM
Dentro de mim há a eterna certeza De que tudo foi bom e sempre na lembrança estará! Dentro de mim há a eterna canção Que você cantou enquanto me amou Dentro de mim há seu olhar sensual Que me fitava em todos os segundos Sem me perder de vista um só instante Dentro de mim há você Dentro de você o espaço vazio... Antes era o oposto, que coisa Antes eu dentro de você e você espaço vazio em mim! Antes o seu amor por mim. Hoje dentro de você, onde eu morava, há só capim O jardim hoje é só em mim. Monica - 09/09/84 – Piracicaba FOGUEIRA
Fogueira Eira Na beira da ribanceira Em baixo o penhasco Asco O profundo vazio Io Io... Monica – 84 – Piracicaba HAI KAI DO T
Tece o tecido O tear teso Tinge a anilina as fibras têxteis Com matizes translúcidos Monica – 85/86? – Piracicaba ENSAIO ALQUÍMICO
Alquimistas – Hermetistas Em porões – laboratórios, úmidos e sombrios Solitariamente se encerram. Fornos, foles, crisóis Tantas substâncias misturadas Condensadas, apuradas Simbologia fechada Distante de mentes despreparadas Longo preparatório de fórmulas "Pedra Filosofal" Sonho(?) do metal transmutado em ouro Quatro elementos fundamentais: Ar, Água, Terra, Fogo Mais o Mercúrio Filosofal O Éter O volátil e tudo mais usável! Alquimista, artesão da matéria Aquece, evapora, recalcina De uma mistura de enxôfre, carvão e nitrato Surge a pólvora num crisol alquímico Alquimista! Talvez bruxo, mas sereno, de inteligência dedicada Emprega anos e anos nas manipulações Que são lentas, progressivas e quase idênticas... Mago das substâncias químicas, Acende fogueiras para os trabalhos Que duram tempos incertos! Toma da água pesada Usa só a luz polarizada Segue com calma até o momento Da Grande Obra surgir! E no interior do crisol e de sua consciência Se dão as mudanças. Homem desperto Suas percepções estão acordadas, Energizadas, Canalizadas. E após a longa espera e a concretização Da Grande Obra, Resta ao Alquimista Tomar das escórias Lavá-las na água tridestilada E obter O Dissolvente Universal.
Monica – 05/03/86 – Piracicaba ERÓTICA
A noite na cama As pernas ficam irriquietas, Sinto um calor emanando de minhas profundezas Que não são infernais Mas eróticas e sexuais A libido está trabalhando Sinto umidade nos lábios que não são os da boca Mas que adoram ser tocados, beijados, sugados Ah desejo erótico, talvez vulgar Mas imprescindível, gostoso! Arrepios sobem pelo corpo Retornam a origem Minhas coxas se comprimem, me sinto pulsar Que vontade louca de me auto-copular De ser dúbia, macho-fêmea,hermafrodita De explodir num gozo solitário e demorado. Já sinto minha flor se encharcar E a toco com meus dedos Que no começo são suaves Depois ágeis E por fim velozes e desembestados Escorre meu suor Explode meu prazer Ah esse gemer e gozar sozinha Nessa cama que parece infinita Desfaleço no cansaço da satisfação E quando volto a mim Retomo a flor em minhas mãos De novo a acaricio Plena de prazer Recarregada de sensações E os dedos voltam espertos Já sabem seus deveres E continuo a me amar sozinha Pelas madrugadas solitárias e frias Em que não tenho companhia. Monica – 21/02/86 – Piracicaba SEM TÍTULO
Versejar prá Reinar Encantar Rimar Fazer algum sorriso brilhar Alegrar Disbundar Conquistar corações que podem amar Versejar prá Iluminar a alma de quem está a poetar. Monica – 02/06/87 TEU CORPO TATUADO
Teu corpo tatuado Colorido Variado Coberto de sinais Desenhos Hai Kais É uma sina Será rebeldia? Tentativa de choque social? Teu corpo tatuado Rabiscado, desenhado Arrepiante delírio Nojento fascínio Total enigma ótico! Polvos, lulas, caravelas Mar de nuvens, flores e velas... Velas de fumaça...hipnótica...lisérgica...alucinógena Tudo é mistério em teu corpo Teu corpo Tatuado! Monica – 86/87 – Piracicaba POETA MARGINAL
Ser poeta marginal E ser desconhecido, sofrido, Arcar com a sina de ser anônimo. Ser poeta marginal Não ter nunca nenhum bom sinal Ser obscuro, dispensável e etc e tal Ser poeta marginal Fazer versos que só ficam sendo conhecidos Nos becos escuros das vielas dos amigos Ah tristeza de versejar ao léu Tantas rimas ou não rimas Choros e alegrias Verdades e fantasias Poeta marginal Um palhaço sem circo Picadeiro de atrações sem platéias com as suas emoções Ser poeta marginal Fingir...ser só... e ainda crêr! Ser poeta marginal Construir frases loucas, roucas, também as de amor Buscar nas águas do céu e mar, inspiração natural Achar nos ventos e pássaros, temas para sonhar, devanear Ah o versejar...a marginalidade e a obscuridade Mas poeta marginal é isso É não cansar E sempre Estar a sonhar Monica – 20/08/86 - Piracicaba

Nenhum comentário:

Postar um comentário