Tanto rio já me levou
Pra onde eu não quis,
Que hoje rio à toa
Quando paro no meio
Da ponte e pênsil:
Qual engenho misterioso
Do destino me fez parar aqui?
Eu, que me julgava ser
Um peixe sem parada?
Agora, piracemo-me ao contrário
E me deixo levar por suas águas,
Correntes que me livraram
Das mágoas que chorava,
Sem saber que uma nascente,
Um rebento, um olho d’água,
Não surge do pranto,
Mas da necessidade de correr
E dar vida a quem se quer bem...
Sem saber que a felicidade
Pode estar exatamente ali,
Naquela pedra onde uma gota
De lágrima cava, cava, cava...
Hoje sou peixe que para.
Hoje sou feliz e rio,
Piracicaba...
Luiz Pienta